- A Casa Da Mariquinhas
Foi no Domingo passado que passei
À casa onde vivia a Mariquinhas
Mas está tudo tão mudado
Que não vi em nenhum lado
As tais janelas que tinham tabuinhas
Do rés-do-chão ao telhado
Não vi nada, nada, nada
- A Chave Da Minha Porta
Eu vi-te pelo São João
Começou o namorico
E dei-te o meu coração
Em troca de um manjerico
O nosso amor começou
No baile da minha rua
Quando São Pedro chegou
- Ave Maria fadista
Avé Maria sagrada
Cheia de graça divina
Oração tão pequenina
De uma beleza elevada.
Nosso Senhor é convosco,
Bendita sois vós, Maria.
Nasceu vosso Filho, um dia,
- Barco Negro
Barco Negro
De manhã, que medo que me achasses feia,
acordei tremendo deitada na areia.
Mas logo os teus olhos disseram que não!
E o sol penetrou no meu coração.
Vi depois numa rocha uma cruz
- Caracois
As janelas avarandadas
Mora aqui algum doutor
Ai, eu venho me aconselhar
Ai, ande logo, ó meu amor
São caracóis, são caracolitos
São os espanhóis, são espanholitos
São os espanholitos, são os espanhóis
- Com Que Voz.
Com que voz chorarei meu triste fado,
que em tão dura paixão me sepultou.
Que amor não seja a dor que me deixou
o tempo, de meu bem desenganado.
Mas chorar não estima neste estado
aonde suspirar nunca aproveitou.
Triste quero viver, poi se mudou
- Dom Solidon
Ai a menina, Dom Solidon
Como vai airosa.
Ponha a mão na trança, Dom Solidon
Não lhe caia o rosa.
Ai a menina, Dom Solidon
Como vai contente.
Ponha a mão na trança, Don Solidon
- Dura Memoria
Memória do meu bem, cortado em flores,
Por ordem de meus tristes e maus fados
Deixai-me descansar com meus cuidados
Nesta inquietação dos meus amores.
Basta-me o mal presente, e os temores
Dos sucessos que espero infortunados
Sem que venham, de novo, bens passados
Afrontar meu repouso com suas dores.
- Estranha forma de vida
- Estranha Forma De Vida Lyrics
Foi por vontade de Deus
Que vivo nesta ansiedade,
Que todos os ais são meus,
- Fado Lisboeta
não queiram mal a quem canta
quando uma garganta se enche e desgarra
que a mágoa já não é tanta
se a confessar à guitarra
quem canta sempre se ausenta
da hora cinzenta da sua amargura
não sente a cruz tão pesada
na longa estrada da desventura
- Fado Portugues
Fado Portugues
O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
- Fria claridade
No meio da claridade,
Ah to be caught naked,
Daquele tão triste dia,
For on that sad day,
- Gaivota.
Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.
Que perfeito coração
- Lisboa Antiga
Lisboa, velha cidade,
Cheia de encanto e beleza!
Sempre a sorrir tão formosa,
E no vestir sempre airosa.
O branco véu da saudade
Cobre o teu rosto linda princesa!
Olhai, senhores, esta Lisboa d'outras eras,
- Lisboa Nao Sejas Francesa
Não namores os franceses
Menina, Lisboa,
Portugal é meigo às vezes
Mas certas coisas não perdoa
Vê-te bem no espelho
Desse honrado velho
Que o seu belo exemplo atrai
Vai, segue o seu leal conselho
- Maria Lisboa
А varina, usa chinela,
Tem movimentos de gata;
Na canastra, a caravela,
No coracão, a fragata.
- Medo
Quem dorme à noite comigo
É meu segredo,
Mas se insistirem, lhes digo,
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo.
E cedo porque me embala
Num vai-vem de solidão,
- Nao Quero Amar
Oferece o teu amor a quem te possa amar
A minha boca é fria, não tem alegria
Nem mesmo a cantar!
Na cruz da tua vida não quero mais sofrer!
Não quero ser vencida, nem mulher perdida
Por tanto te querer!
Não queiras no peito esta flor
Sem perfume e sem cor que não sabe enfeitar!
- Nao Sei Porque Te Foste Embora
Eu não sei porque tento te esquecer
Se tudo que mais quero é estar junto de você.
Não sei porque desvio teu olhar
Se nem quero pensar que com você não vou estar.
Eu até pareço não te amar
O problema é não conseguir me expressar.
Você pode até dizer que é clichê
- Nem as paredes confesso
Não queiras gostar de mim,
sem que eu te peça.
Nem me dês nada que ao fim,
eu não mereça.
Vê se me deitas depois,
culpas no rosto!
Isto é sincero,
porque não quero
- O Cochicho
Na noite de São João, que filão
Ninguém quer calar o bico
Com o cochicho na mão, pois então
E um vaso de manjerico
Passa marchó filambó, tro-lo-ló
Com archotes e balões
Entre apertões, aos encontrões
A dançar o solidó batem mais os corações!
- O Namorico Da Rita
No mercado da ribeira
Há um romance de amor
Entre a rita que é peixeira
E o chico que é pescador
Sabem todos os que la vão
Que a rita gosta do chico
Só a mãe dela é que não
- Peseguicao
Se de mim, nada consegues
Não sei por que me persegues
Constantemente na rua!
Sabes bem que sou casada
Que fui sempre dedicada
E que não posso ser tua!
Lá por que és rico e elegante
Queres que eu seja a tua amante
- Primavera
Primavera
Composição: David Mourão-Ferreira e Pedro Rodrigues
Todo o amor que nos prendera,
como se fora de cera,
se quebrava e desfazia.
Ai, funesta primavera,
- TENTACAO
Por muito gostar de ti
Me perdi e, desprezada,
Procurei morte, perdi
Por outro ser encontrada!
Da culpa com que me feriste
Vens hoje pedir desculpa
Pra quê, se tu me traíste?
Apenas por tua culpa!
- Trago fados nos sentidos
Trago fado nos sentidos
Tristezas no coração
Trago os meus sonhos perdidos
Em noites de solidão
Trago versos, trago sons
Duma grande sinfonia
Tocada em todos os tons
- Trova Do Vento Que Passa
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam