Apenas Um Rapaz Latino AmericanoEu sou apenas um rapaz latino-americano
Sem dinheiro no banco sem parentes importantes
E vindo do interior
Mas trago de cabeça uma canção do rádio
Em que um antigo compositor baiano me dizia
Tudo é divino tudo é maravilhoso
Mas trago de cabeça uma canção do rádio
Em que um antigo compositor baiano me dizia
Bel-prazerLibertar a carne e o espírito
Coração, cabeça e estômago
Libertar a carne e o espírito
Coração, cabeça e estômago
O verbo, o ventre, o pé, o sexo, o cérebro
Tudo o que pode ser e ainda não é
O verbo, o ventre, o pé, o sexo, o cérebro
Brincando com a vidaEu escolhi a vida como minha namorada,
Com quem vou brincar de amor a noite inteira
Eu estou sempre em perigo
E a minha vida sempre está por um triz
Se vejo correr uma estrela no céu, eu digo
Deus te guie, zelação Amanhã vou ser feliz
É caminhando que se faz o caminho
Clamor no desertoEi-ei-ei-ei, meus amigos, um novo momento precisa chegar
Eu sei que é difícil começar tudo de novo
Mas eu quero tentar
Eu sei que é difícil começar tudo de novo
Mas eu quero tentar
A minha garota não me compreende
E diz que desse jeito eu apresso o meu fim
Como Os Nossos PaisNão quero lhe falar
Meu grande amor
Das coisas que aprendi
Nos discos
Quero lhe contar
Como eu vivi
E tudo o que
Corpos terrestresOsculetur me oscule oris suis
Ideo adolescentulae dilexerunt te
Nigra sum sent formosa
But tomorrow is another day anyway
Nolite me considerare quod fusca sim
Quia decoloravit me sol
It's alright, ma! I'm only bleeding
Cuidar do homemCuidar do homem
Cuidar do homem
Solução, rima, Raimundo
É chegado o fim de tudo
E o mundo pode acabar
De tanto ver, fiquei cego
Depois das seisQuando a fábrica apitou e o trabalho terminou
Todo mundo se mandou
Sem desejos de voltar
Como o mar não tá pra peixe
Ai, mulata, não negues teu cabelo
E, aproveitando esta deixa
Vem viver, me comer, vem me dar
Renascer, descansar
Fotografia 3x4Eu me lembro muito bem do dia em que eu cheguei
Jovem que desce do Norte pra cidade grande
Os pés cansados e feridos de andar légua tirana na na na
De lágrimas nos olhos de ler o Pessoa
E de ver o verde da cana na na na
Em cada esquina que eu passava um guarda me parava
Pedia os meus documentos e depois sorria
Examinando o 3x4 da fotografia
Galos, noites e quintaisQuando eu não tinha o olhar lacrimoso
Que hoje eu trago e tenho
Quando adoçava meu pranto e meu sono
No bagaço de cana do engenho
Yeah yeah
Quando eu ganhava esse mundo de meu Deus
Fazendo eu mesmo o meu caminho
Joia de jadeTrago guardada num quintal dentro de mim
(Horto fechado que o povo chama jardim)
A fina flor do alecrim
Cheirosa dama da noite
Rosa de cheiro sem fim
Flora, abomina deusa encarnada
Mostra-me a sina um v de verão
MucuripeAs velas do Mucuripe, vão sair para pescar
Vou levar as minhas mágoas, pras águas fundas do mar
Hoje a noite namorar, sem ter medo da saudade
E sem vontade de casar
Calça nova de riscado, paletó de linho branco
Que ate o mês passado, lá no campo ainda era flor
Sob o meu chapéu quebrado, um sorriso ingênuo e franco
Objeto diretoEu quero meu corpo bem livre do peso inútil da alma
Quero a violência calma de humanamente amar
Eu quero quebrar o quebranto do permitido e do proibido
E nego o que nega os sentidos direito e dom de gozar
A verdade está no vinho (in vino veritas)
Que me faz gauche, anjo torto
Que retempera o meu corpo nos pecados capitais
ParalelasDentro do carro
Sobre o trevo
A cem por hora, ó meu amor
Só tens agora os carinhos do motor
E no escritório em que eu trabalho
E fico rico, quanto mais eu multiplico
Diminui o meu amor
Em cada luz de mercúrio
PasseioVamos andar
Pelas ruas de São Paulo
Por entre os carros de São Paulo
Meu amor, vamos andar e passear
Vamos sair pela rua da Consolação
Dormir no parque, em plena quarta-feira
E sonhar com o domingo em nosso coração
Meu amor, meu amor, meu amor
PopulusPopulus, meu cão
O escravo, indiferente, que trabalha
E, por presente, tem migalhas sobre o chão
Populus, Populus, Populus, meu cão
Populus, meu cão
Populus, meu cão
Primeiro, foi seu pai
RecitandaGraças a deus
Eu perco sempre o juízo
No lance de dez
No acaso do sucesso
O paraíso é a palavra
Paraíso é lá
Mensagem de amor
Seixo roladoTudo o que tenho é meu corpo
Sou o que tenho e te dou
Com um corpo como o teu
Não precisas nem de alma
Sente a minha violência
Como uma essência de calma
Anjos, se houvesse anjos
SensualQuando eu cantar
Quero ficar molhado de suor
E por favor não vá pensar
Que é só a luz do refletor
Será minha alma que sua
Sob um sol negro de dor
Outro corpo, a pele nua,
Carne, músculo e suor
Sujeito De SortePresentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Porque apesar de muito moço me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Todo sujo de batomEu estou muito cansado
Do peso da minha cabeça
Desses dez anos passados, presentes
Vividos entre o sonho e o som, iê
Eu estou muito cansado
De não poder, de não poder falar palavra
Sobre essas coisas sem jeito
Que eu trago em meu peito
Tudo outra vezHá tempo, muito tempo
Que eu estou
Longe de casa
E nessas ilhas
Cheias de distância
O meu blusão de couro
Se estragou
Oh! Oh! Oh!