A Primeira NoiteA primeira noite de quem parte em busca do seu sonho
É a primeira sem tudo o que passou
A primeira noite na cidade distante do seu quarto
Gera insônias felizes e aflição
Não só não
Por que não?
Só, por que não?
A primeira noite de quem larga o conforto do previsto
Ao nosso filho morenaSe hoje tua mão não tem manga ou goiaba
Se a nossa pelada se foi com o dia
Te peço desculpas, me abraça meu filho
Perdoa essa melancolia
Se hoje você não estranha a crueza
Dos lagos sem peixe, da rua vazia
Te olho sem jeito, me abraça meu filho
Não sei se tentei tanto quanto eu podia
CondorQuando voa o condor
Com o céu por detrás
Traz na asa o sonho
Com o céu por detrás
Voa condor
Que a gente voa atrás
Voa atrás do sonho
Fruta orvalhadaÊ morena, 'tá faltando essa areia
Molhada e o cheiro de sal
Madrugando na boca da gente
E o sono na rede embalando teu corpo
E a roseira fazendo das suas
Nascendo uma rosa na lua
E o luar no jardim
Abacaxi, 'tá faltando, e limão, tangerina
Leo E BiaNo centro de um planalto vazio
Como se fosse em qualquer lugar
Como se a vida fosse um perigo
Como se houvesse faca no ar
Como se fosse urgente e preciso
Como é preciso desabafar
Qualquer maneira de amar varia
E Léo e Bia souberam amar
Por brilhoOnde vá
Onde quer que vá
Leva o coração feliz
Toca a flauta da alegria
Como doce menestrel
Onde vá,
Onde quer que eu vá
Pra Te ReverPra te rever
Olho no céu, pé na estrada
Pele no sol, desidratar te rever
Te transpirar, com pó, tijolo e jornada
Fingir que não, mas louco pra te rever
Pra te rever
Resto de tronco é jangada
RasuraMe desculpe o mesmo gesto
Meu constante gesto insano
Que por mais que a mente negue
O coração ele marcou
Como a lógica dos fatos
Que eu traí a todo instante
Rasurando nosso branco
RetratoEu canto sou força que esmaga, não mente, consente
Que vale sorrir quando a hora é de luta
Sinal esperado, meu peito rasgado é sinal de fé
Eu grito, sou vento, poeira, sou pó, ventania
Gramado sem gente, covarde, valente
Soldado ou tenente, depende da hora o que eu cismo de ser
Se puder sem medoDeixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
TaximetroEu tava andando na rua, chovia e tava calor
Como um taxímetro o olhar registrava
E me cobrava tudo o que já passou
E você me odeia e eu entendo
E Deus passou lotado por nós
Não, não esqueça que a cabeça abandonou minha voz
TravessurasEu insisto em cantar
Diferente do que ouvi
Seja como for, recomeçar
Nada há, mas há de vir
Me disseram que sonhar
Era ingênuo, e dai?
Nossa geração não quer sonhar
Vento FuturoVento futuro, olha aí
Olha o que trazes pra mim
Trata-me com gentileza
A comida na mesa ainda está por servir
Vento passado, olha lá
Deixa o presente viver
Faça pra mim a fineza
Voar leveSe alguém estiver chorando ou não
É como aquela chuva, é como a porta se abrindo
É como a dor da virgem, do parto é a luta da nuvem
O sol alucinado penetra a nuvem que chora
O sol alucinado penetra a nuvem que brilha
Se alguém estiver chorando ou não
Que seja por motivo inspirado ou seja por brilho