Amor Em Tons de Sol MaiorSeria menos triste o meu cantar
Se esses olhos que me olham
Não me olhassem, nem me vissem
Se os acordes das guitarras fingissem
Alegrias de quem já deixou de amar
Se esta sala cheia de cantos
Em vez de casa fosse um rio
Ao poeta pergunteiAo poeta perguntei
como é que os versos assim aparecem
disse-me só, eu cá não sei
são coisas que me acontecem
sei que nos versos que fiz
vivem motivos dos mais diversos
e também sei que sendo feliz
não saberia fazer os versos
Caso ArrumadoNão te via há quase um mês
Chegaste e mais uma vez
Vinhas bem acompanhado
Sentaste-te à minha mesa
Como quem tem a certeza
Que somos Caso Arrumado
Ela não me queria ouvir
Clandestinos Do AmorVivemos sempre sem pedir licença
Cantávamos cantigas proibidas
Vencemos os apelos da descrença
Que não deixaram mágoas nem feridas
Clandestinos do amor, sábios e loucos
Vivemos de promessas ao luar
Das noites que souberam sempre a pouco
Sem saber o que havia para jantar
Como Nunca MaisSaudade, vá, entra à vontade
Porque eu já esperava que fosses voltar
Com esses teus olhos tão verdes
Falando de esperança para me tentar.
Saudade, senta-te à vontade
E dá-me notícias que trazes de alguém
Passado, porque tudo passa
DesfadoQuer o destino que eu não creia no destino
E o meu fado é nem ter fado nenhum
Cantá-lo bem sem sequer o ter sentido
Senti-lo como ninguém, mas não ter sentido algum
Ai que tristeza, esta minha alegria
Ai que alegria, esta tão grande tristeza
Esperar que um dia eu não espere mais um dia
Dia De FolgaManhã na minha ruela, sol pela janela
O Sr. jeitoso dá tréguas ao berbequim
O galo descansa, ri-se a criança
Hoje não há birras, a tudo diz que sim
O casal em guerra do segundo andar
Fez as pazes, está lá fora a namorar
Fado AladoVou de Lisboa a S. Bento,
Trago o teu mundo por dentro
No lenço que tu me deste.
Vou do Algarve ao Nordeste,
Trago o teu beijo bordado,
Sou um Comboio de Fado
Levo um Amor encantado,
Sou um Comboio de gente.
Fado de pessoaUm fado pessoano
Num bairro de Lisboa
Um poema lusitano
No dizer de Camões
Uma gaivota em terra
Um sujeito predicado
Um porto esquecido
Um barco ancorado
Leva-Me Aos FadosChegaste a horas
Como é costume
Bebe um café
Que eu desabafo o meu queixume
Na minha vida
Nada dá certo
Mais um amor
Que de findar me está tão perto
O Fado Da ProcuraMas porque é que a gente não se encontra?
No largo da Bica fui te procurar
Campo de Cebolas e eu sei te encontrar
Eu fui mesmo até à casa de fado
Mas tu não estavas em nenhum lado
Mas porque é que a gente não se encontra?
O Que Foi Que AconteceuAconteceu
Eu nao estava a tua espera
E tu nao me procuravas
Nem sabias quem eu era
Eu estava ali so porque tinha que estar
E tu chegaste porque tinhas que chegar
Olhei para ti
O mundo inteiro parou
Por Minha ContaFiquei por minha conta
Mercê dum passo incerto
A culpa em mim se apronta
Ronda-me a alma por perto
Fiquei num olhar fundo
Perdido não sei onde
Só sei ceder-me ao mundo
Tens os Olhos de DeusTens os olhos de Deus
E os teus lábios nos meus
São duas pétalas vivas,
E os abraços que dás
São rasgos de luz e de paz
Num céu de asas feridas.
E eu preciso de mais,
Venho falar dos meus medosSenhora, eu tenho fé
De encontrar a minha luz
Nesta imensa escuridão;
Venho falar dos meus medos
São vossos os meus segredos
Que eu partilho em confissão
Senhora, há tanto tempo